Surgimento de Boa Vista: um longo passeio pela História a partir de 1775


 

Uma das primeiras fotos aéreas tiradas de Boa Vista pela Expedição Rice, em 1924


Foto de Hamilton Rice de 1924 mostra os primeiros habitantes do extremo Norte
 


 Para falar da criação de Boa Vista, Capital do Estado de Roraima, no Extremo Norte do Brasil, é necessário retroagir até o final do século XVIII, quando o Vale do Rio Branco era, para os portugueses, apenas uma região que servia de barreira natural para conter a invasão de estrangeiros.

A História de Boa Vista se confunde com a da criação do Estado de Roraima, cujo surgimento efetivamente começou em 1750, quando o Rio Branco passou a ser importante para os portugueses pela necessidade de demarcar as fronteiras coloniais de Portugal e Espanha.

Ponto isolado do restante do Brasil, a região despertava os interesses dos holandeses e espanhóis, que chegaram a montar aldeamentos às margens do Rio Uraricoera, afluente do Rio Branco. Mas somente em 1775 a notícia da invasão estrangeira chegou ao poder central, fato apontado como um perigo iminente para o todo o sistema de defesa para a Amazônia.

A Coroa portuguesa enviou uma expedição comandada pelo capitão Phelippe Sturm, oficial engenheiro alemão que expulsou os espanhóis. A partir daí surgiu a necessidade da construção de um Forte bem como o início das tentativas de aldeamentos indígenas como estratégia para a ocupação efetiva do Rio Branco. E assim surgiu o Forte São Joaquim.

 

 

Forte São Joaquim e o surgimento dos arraiais

 

Forte S. Joaquim foi importante para a ocupação no Vale do Rio Branco

 

Entre os anos de 1775 e 1776 foi iniciada a construção do Forte São Joaquim, à margem direita do Rio Tacutu, no encontro com o Uraricoera, onde se forma o Rio Branco, principal manancial de água potável que banha o Estado de Roraima. Instalar o Forte tinha o objetivo de marcar definitivamente a presença no Vale do Rio Branco.

O Forte São Joaquim foi decisivo para estimular a política de povoamento da região. Em 1777, já existiam seis povoados, chamados de arraiais, dos quais cinco desapareceram depois da revolta dos indígenas de 1781 contra os colonizadores portugueses.

Esse fato serviu para a Província do Amazonas, em 1852, oficializar a fragilidade do Forte, que inclusive apresentava defeitos em sua construção, mas sem deixar de reconhecer a importância estratégica para manter a fronteira, pois era o único ponto fortificado que a Província mantinha por esses lados no Extremo Norte.

A ocupação do Vale do Rio Branco enfrentou outra grande revolta nos aldeamentos indígenas, em 1790, momento em que a ocupação portuguesa ficou desorganizada na região. Em 1798, as povoações ficaram quase desertas e, no Forte São Joaquim, ficou um destacamento de índios proveniente do Rio Negro que se revezava mensalmente. A experiência dos aldeamentos cessou no século XVIII.

 

 

O decisivo papel das fazendas reais e do gado

 

Carro de boi no final da Avenida Jaime Brasil, o mais antigo Centro Comercial


 Com o fracasso dos aldeamentos, os portugueses continuaram com a determinação de manter a ocupação no Vale do rio Branco. Um novo projeto de ocupação foi adotado. Implantou-se a política de introdução da pecuária, com criação das “fazendas reais” para intensificar a presença do Estado no Alto Rio Branco.

As condições geográficas da região, com vegetação de cerrado e relevo plano, favoreceram a pecuária, iniciada em 1789, com as primeiras cabeças de gado trazidas do Amazonas. Iniciou-se, então, a criação de gado e cavalos na região, por iniciativa do comandante Manuel da Gama Lobo D'Almada.

No século seguinte, as regiões próximas aos principais rios foram sendo ocupadas por fazendas acompanhadas da estratégia portuguesa de evangelização dos índios, bem como a integração da região do Rio Branco ao mercado e fixação de colonos.

Entre as principais propriedades rurais estavam as Fazendas Nacionais São Bento, São José e São Marcos fundada em 1830, que ocupavam toda a região do Alto Rio Branco, de propriedade do Estado português. Também havia a fazenda particular Boa Vista, a mais importante. Isso fez com que os não índios fossem atraídos pela grande quantidade de pastagens naturais existentes no Vale do rio Branco.

 


Surgimento da cidade a partir da Fazenda Boa Vista

 

Sede da Fazenda Boa Vista, casa de Inácio Lopes de Magalhães, e a Igreja Matriz


O fato histórico foi decisivo para o surgimento da cidade foi a instalação da Fazenda Boa Vista, em 1830, por Inácio Lopes de Magalhães, localizada hoje no Centro Histórico de Boa Vista, onde se situa o Restaurante Meu Cantinho, em frente à Orla Taumanan, construída às margens do Rio Branco, onde foi o primeiro porto fluvial.

A fazenda de gado estimulou a ocupação e foi decisiva para o desenvolvimento do porto fluvial na região, a partir do qual surgiram os marcos iniciais da cidade, a construção da sede da Fazenda Boa Vista e da capela de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja Matriz.

Em 20 anos de criação, a propriedade particular já tinha se transformado em um arraial exatamente onde em 1830 existia a fazenda, ganhando contorno de cidade.

 

Porto fluvial deu o impulso definitivo

Porto do Cimento não era só lugar de mercadorias, mas de festa de grandes recepções 


Boa Vista permaneceu por longo período como um povoado de pouca expressividade no cenário regional. Essa realidade começou a mudar somente no final do século XIX, quando o Rio Branco ganhou importância estratégica por causa do porto fluvial que impulsionava as atividades econômicas locais.

O Porto de Cimento, como era conhecido, servia de infraestrutura para a navegação fluvial, com embarque e desembarque, e ainda local de todo tipo de transação comercial para compras, vendas e trocas.

Também era lugar de moradia das primeiras famílias que aqui chegaram, como Brasil, Magalhães, Figueiredo, Fraxes e várias outras. Porém, no local foi construída a Orla Taumanan, que desconfigurou o Berço Histórico de Boa Vista.

A cidade cresceu dependente da navegação do Rio Branco, sobretudo porque era uma época que não havia estradas nem voos regulares. E o Porto de Cimento serviu historicamente como fonte de comunicação e de acesso à povoação da cidade.

 

 A emancipação da freguesia do Carmo

 


Igreja Matriz foi importante para estabelecer a Freguesia de Nossa Senhora do Carmo


Em 1856, mesmo com a freguesia de Nossa Senhora do Carmo despovoada, a localidade foi emanciparia em 1858, tornando-se uma vila, que foi fundada com transferência para a região da pequena povoação de São Joaquim, que vivia aos arredores do Forte de São Joaquim.

Naquela época, existiam 142 fazendas em atividade. Foi nesse cenário rural que o povoado foi crescendo nas primeiras décadas de XIX. Mas o adensamento populacional e a expansão territorial só ocorreram a partir de 1943, impulsionados pela política de povoamento do Território Federal.

Do século XIX e início do século XX, Boa Vista resumia-se a um arraial estruturado com algumas residências, a igreja e um porto de carga e descarga de mercadorias, a partir do qual chegava de tudo, único canal de comunicação com o resto do Brasil.

 

 

A criação do Município em 09 de julho de 1890

 

       Foto mostra prédio da Intendência, equivalente à primeira Prefeitura de Boa Vista

 

O Município de Boa Vista foi criado em 09 de julho de 1890, a partir do desmembramento do Município de Moura, no Amazonas. No final do século XIX, ainda em 1887, era considerado como um acanhado povoado.

Esta realidade pode ser conferida com os primeiros registros de imagem aérea em 1924, quando por aqui aportou Alexander Hamilton Rice, trazendo sua equipe para realizar pesquisas a bordo de um hidroavião. Foram tiradas as primeiras fotografias aéreas de Boa Vista.

Hamilton Rice assinalou que Boa Vista tinha 164 casas que abrigavam uma população de 1.200 pessoas. Alguns das construções eram de tijolos, como a Igreja Matriz, a Intendência, o armazém e algumas casas de moradia, a maioria de reboco e pau a pique.

A população era composta de portugueses, brasileiros, mestiços índios e alguns negros vindos das Índias Ocidentais que chegaram pela Guiana Inglesa, hoje República Cooperativista da Guiana.

 


 

Território Federal foi criado em 1943

 

Solenidades oficiais eram feitas em frente à Igreja Matriz: posse do primeiro governador



Esse é o resumo da História: em 1943, foi criado o Território Federal do Rio Branco, convertido em 1962 em Território Federal de Roraima e, posteriormente, em 1988, em Estado de Roraima.

Em 13 de setembro de 1943, o presidente Getúlio Vargas assinou decretos criando cinco territórios federais, dentre eles o Território Federal do Rio Branco, tendo Boa Vista como Capital.

Dezenove anos depois, em 13 de setembro de 1962, através do projeto 1433, o Território Federal do Rio Branco passou a se chamar Território Federal de Roraima, cujo autor do projeto foi o deputado federal Valério Caldas de Magalhães.

Em 05 de outubro de 1988, foi criado o Estado de Roraima, com a promulgação da Constituição Federal. O artigo 14 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Brasileira determinou que o antigo Território Federal de Roraima tornasse Estado.

Conforme os historiadores, a população de Roraima foi constituída inicialmente de indígenas vindos da região do Caribe, entre eles os índios Macuxi, a principal tribo que dá a denominação a quem aqui nasceu. A chamada população branca começou a chegar ao final do século XVIII e início do século XIX.

O Estado se situa numa área de 225.116,1 km². O clima é equatorial (Norte, Sul e Oeste) e tropical (Leste). Quanto ao relevo, junto às fronteiras da Venezuela e da Guiana ficam as serras do Parima e de Paracaima, onde se encontra o Monte Roraima, com 2.734 metros de altitude.

O Extremo Norte do Brasil se situa no Monte Caburaí, às margens do Rio Uailã, no Município de Uiramutã, Nordeste do Estado. O Caburaí tem 1.456 metros e está na coordenada 5º 16’ 20” de Latitude Norte.

A ocupação territorial de Boa Vista foi intensificada a partir de meados da década de 1940, caracterizada por correntes migratórias estimuladas pelo governo do antigo Território, pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e pelo Plano Nacional de Desenvolvimento e Plano de Integração Nacional.

Somam-se a isso o sonho de riqueza fácil através dos garimpos, que ficou conhecido como o “El Dourado”, seguido dos programas de construção de estradas e estímulo dos governantes para trazer migrantes para povoar o então Território Federal do Rio Branco.

Por falta de estrutura na zona rural, a maior parte da população acabou se fixando em Boa Vista, juntando-se à população indígena, principalmente das etnias Macuxi e Wapixana, as maiores do Estado.

 

 

Intendência foi o primeiro prédio público


      Sede da Intendência quando ainda estava em processo de conclusão


Imagem feita em 194 mostra local exato onde ficava a primeira Intendência 


A Intendência foi o primeiro prédio público, construído em 1900, próximo à margem direita do Rio Branco, mas de costa para o rio. Sua estrutura original foi queimada e o prédio demolido no fim da década de 1950.

O primeiro governador, Ene Garcez dos Reis, quando veio para instalar o Território Federal do Rio Branco, trouxe com ele o primeiro prefeito, Mário Homem de Melo. Ene Garcez foi quem derrubou o prédio da Intendência.

O prédio foi reerguido em outro local, em 1996, como uma das ações do Projeto Raízes. A Prefeitura de Boa Vista alegou que a não permanência do local original do novo prédio se deveu às constantes inundações sofridas, no período das chuvas, quando as águas do Rio Branco inundam o local. Isso nunca foi comprovado.

 


 

Boa Vista nasceu planejada na década de 1940

 

Imagem de 1970 mostra como era a Boa Vista que foi planejada no ano de 1964 (Foto: Divulgação)


Praça do Coreto, no Centro Cívico, fazia parte do projeto de uma cidade bem planejada 


Era assim o Centro de Boa Vista antes do planejamento na década de 1940


A implantação de um plano urbanístico para Boa Vista foi decisiva para se chegar à cidade de hoje. Esse plano fazia parte de uma política de desenvolvimento para os Territórios Federais recém-criados na época, o que incluía também outras iniciativas governamentais.

Foi assim que Boa Vista cresceu, a partir da década entre 1940 e 1950, baseado em programas de desenvolvimento tanto urbano como rural, que incluíam construções públicas, reforma urbanística, incentivos ao comércio e à agropecuária.

O primeiro governador do Território Federal do Rio Branco, Capitão Ene Garcez, realizou uma concorrência de projetos para a implantação do Plano Urbanístico para Boa Vista. A licitação foi vencida pela empresa “Riobras Industrial Ltda”, em 21 de setembro de 1944.

Em 1945, o traçado original da cidade, localizada em uma área mais elevada e livre das enchentes, serviu de base para o projeto urbanístico que se espelhou no centro urbano de Goiânia ou de Brasília. O projeto tinha como base o Rio Branco, ganhando forma de um leque, com a implantação de avenidas radiais iniciadas na ampla praça circular do Centro Cívico, cortadas por ruas circulares.

Seguindo essa política, em 1946 foi construído o primeiro conjunto habitacional de Boa Vista composto por 52 casas. Ficava onde hoje se encontra a parte antiga de Boa Vista, nas proximidades do bairro São Pedro.

Durante o regime militar, foram construídas, entre o final da década de 1960 e o início da década seguinte, duas rodovias: BR-174 (ligando Boa Vista a Manaus) e BR-210 (Perimetral Norte).

 

 

Centro Cívico é a marca da cidade e um cartão postal

Projeto urbanístico se mantém até hoje na área central de Boa Vista
 

 

Com o planejamento da década de 1940 mantido na área central de Boa Vista, o traçado urbano organizado de forma radial lembra um leque, imagem pela qual a Capital roraimense ficou conhecida.

As principais avenidas do Centro convergem para a Praça do Centro Cívico Joaquim Nabuco, que é o centro geográfico da cidade, onde se concentram as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estaduais, além do Palácio da Cultura, hoteis, bancos, Correios e a Catedral Cristo Redentor.

Quando a Praça do Centro Cívico foi construída, o trânsito na chamada “bola” do Centro fluía no sentido horário, já que quase não existiam carros. Atualmente, o tráfego intenso marca os horários de pico, revelando a grande frota de veículos no Estado.

No Centro Cívico também estão construções históricas, como o Monumento ao Garimpeiro e a Praça do Coreto, que foi recentemente revitalizada, ganhando um paisagismo moderno, deixando o local mais agradável e convidativo para passeios. Os canteiros foram reformados, ganharam novo formato, cores e novas espécies de plantas.

 

 

Cinco bairros deram origem à expansão da Capital

 

 

Área central de Boa Vista a partir do Rio Branco, o principal manancial do Estado

 

As obras para concluir a operação urbanística se estenderam por toda a década de 1950. Naquela época, a cidade ficou divida em cinco bairros: Centro, Porto da Olaria (hoje Calungá), Rói-Couro (São Pedro), Caxangá (às margens do igarapé Caxangá, entre São Vicente e Calungá) e Ipase (conjunto habitacional no Centro destinado aos militares do 6º Batalhão de Engenharia e Construção). 

A reduzida população caminhava a pé ou era conduzida pelos poucos carros de aluguel e bicicletas. Toda carga que chegava ao porto fluvial, onde hoje está plataforma baixa da Orla Taumanan, era transportada por cavalos ou carro de boi.

 O engenheiro Darcy Aleixo Derenusson, autor do projeto urbanístico da “nova Boa Vista”, realizou um detalhado planejamento urbanístico para Boa Vista entre 1944 e 1946. O projeto era arrojado para a época, contemplando topografia, projeto de edificações, esgotamento sanitário, galerias para escoamento de águas pluviais, abastecimento de água potável, fornecimento de energia elétrica e toda a infraestrutura até então inexistente para atender às necessidades de um centro urbano moderno.

 

 

Construção de Boa Vista teve um significado

 

Cenário urbanístico planejado na década de 1940 se mantém nos dias atuais

 

O plano urbanístico de Boa Visa tinha um significado para o Brasil. Não se tratava apenas de uma obra de urbanismo, mas de um projeto construído no fim de uma guerra mundial. O engenheiro Darcy Aleixo Derenusson explicou o que significava as vias radiais se entrecruzando com longas e largas avenidas circunscritas.

Segundo ele, tratava-se da afirmação do sentido de território brasileiro e de autonomia nacional. “As avenidas radiais partindo de um centro gerador, buscam os confins do Norte de nosso território, irradiando a energia de seu povo, como a protegê-lo, Roraima, guardião do Norte”.

E tudo foi planejado para dar certo. A equipe encarregada de implantar o projeto realizou um levantamento topográfico planialtimétrico e cadastral de Boa Vista e dos arredores, atingindo um raio de cobertura de 20km², com a elaboração de uma planta baixa do núcleo edificado até então.

A equipe também se encarregou dos seguintes serviços: recenseamento geral da população; estudos sócio-econômicos necessários à elaboração do Plano; projeto do Plano Diretor da Cidade; elaboração do Plano de Urbanização, com o detalhamento indispensável à sua execução; criação do Código de Obras do município; projeto de abastecimento de água, inclusive detalhamento da captação, adução e rede distribuidora.

Havia também plano da rede coletora de esgotos sanitários; planejamento de galerias de águas pluviais e seu detalhamento; sistema de energia elétrica e rede distribuidora com detalhamento; projeto arquitetônico de escolas rurais e residências. Este plano envolveu um total de cerca de mil plantas, detalhando minuciosamente a quantidade dos materiais necessários a cada obra.

 

 

Migrações mudaram radicalmente a paisagem

 

Chegada de nordestinos para trabalhar no novo projeto urbanístico da cidade, em 1940


Venezuelanos que fugiram da fome em seu país sendo levados para abrigos (Foto: Divulgação)
 

O plano urbanístico de Boa Vista estimulou a ocupação da cidade nos anos seguintes e precisou ser ampliado em virtude da necessidade de crescimento do núcleo urbano. Novas intervenções físicas no espaço construído voltariam a se apresentar nos anos de 1960.

O plano urbano da cidade foi aumentado. As décadas de 1960 a 1980 registraram uma explosão demográfica e territorial. Migrantes de todo o Brasil foram atraídos pela promessa do El Dourado, com a exploração fácil de ouro e diamantes, bem como o incentivo à atividade agrícola e povoamento.

As primeiras notícias sobre a abundância em ouro e diamantes foram divulgadas na década de 1930, fazendo surgir o pensamento de que era possível ficar rico em Roraima apenas garimpando. A corrida ao ouro foi reduzida na década de 1990.

Como o plano urbanístico foi projetado levando em consideração uma previsão de crescimento de 25 anos, com as migrações da zona rural e de outros estados brasileiros, principalmente do Nordeste, o planejamento inicial logo foi superado. 

Em um período de 50 anos, a cidade passou de uma população de 1.800 habitantes a 250.000. A cidade mostrou que não estava preparada para enfrentar a nova realidade. Em 1980 a população de Boa Vista possuía aproximadamente 44 mil habitantes. No final de 1991, como capital do novo Estado, o número aproximado de habitantes passou para 123 mil. Esse salto de 300% mostra a explosão populacional.

Na Boa Vista atual, o traçado previsto no plano urbanístico representa cerca de 10% da extensão total da cidade.  A cidade cresceu sem respeitar o plano urbanístico, principalmente na zona Oeste, onde se encontram os bairros mais afastados do Centro. 

Atualmente, a cidade enfrenta uma onda migratória massiva de venezuelanos, fazendo inflar a população da Capital, hoje estimada em mais de 400 mil habitantes.  A cada dia chegam  mais venezuelanos, além de outros estrangeiros, a exemplo dos haitianos.

 


Esse amplo material foi publicado originalmente como um suplemento, de minha autoria, no jornal Folha de Boa Vista quando da comemoração dos 123 anos de Boa Vista. Os textos originais foram alterados para uma nova redação e atualização de informações.

JESSÉ SOUZA 
jesseroraima@hotmail.com

Fontes de consultas:

 *Visadas sobre Boa Vista do Rio Branco: razões e inspirações da capital de

Roraima (1830-2008), de Carla Gisele Macedo Santos Martins Moraes e

Gregório Ferreira Gomes Filho

 *Estudos Sociais de Roraima (Geografia e História), de Luiz Aimberê Soares de Freitas

*Minha Rua Fala, publicação semana do jornalista Francisco Cândido na Folha de Boa Vista.

*Tese de Doutorado da professora Maria Goretti Leite de Lima, defendida na Universidade de São Paulo (USP), em 2011, intitulada “As transformações da paisagem do sítio histórico urbano de Boa Vista: Um olhar a partir da fotografia”.

 *Portal do Governo de Roraima e site da Prefeitura de Boa Vista.

 


Comentários

  1. A fotografia do centro de Boa Vista que indica o ano de 1964 e de minha autoria e o ano e 1970 , não deveria ser publicada sem autorização do autor

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    1. Bom dia. Você precisa se identificar para que seja dado o devido crédito. Abraços

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